Syl Saghira - Inspire, expire... e movimente mais uma vez
- Portal Meta - Mulheres Empreendedoras
- 24 de mai. de 2017
- 9 min de leitura
Inspire-se nessas Mulheres traz em entrevista exclusiva a sagitariana, sorridente, cheia de vida. Uma mulher experiente de 37 anos que tem muita história de vida para contar.
A bióloga Sylvia Maria ou a dançarina de danças árabes Syl Saghira que são as mesmas pessoas! Convivem, trabalham e dançam juntas dia a dia nesta vida cotidianamente “corrida” da cidade de São Paulo.

Syl Saghira em Cartagena das Indias - Bolívar, Colômbia
Sylvia Maria na visão de Syl Saghira
ou será ao contrário?
Sou paulistana de nascimento e de alma, mas sei o que muito poderia ser mudado em nossa cidade para o bem de todos!!!!
Syl Saghira, sou professora de danças árabes, de espanhol e sou bióloga.Trabalho na UNIFESP, no miolo da Vila Clementino.
" Ter o dom é ótimo, ter emoção e expressão são necessários, mas tem que treinar, treinar e treinar...
" Syl Saghira
Bióloga e Dançarina de Danças Árabes,
dividem o dia e o tempo em plenitude
Sempre gostei de atividades físicas e movimentação do corpo, mas não foi algo que eu sabia fazer desde pequena. Minha mãe havia me colocado no ballet (naquela fase que toda mãe coloca a filha no ballet ou o filho no judô...que pena destes estereótipos!).
Bem...eu não gostei e fui nadar.....nadei por 14 anos e depois, na adolescência minha mãe tentou me incentivar para a ginástica Olímpica e....eu fui jogar futebol! Além de mim, com certeza outros exemplos provam que nem todas as pessoas nascem ou já sabem quando pequenas o que querem (e vão) fazer da vida.
Na época de decidir a profissão fiquei na dúvida entre Farmácia e Biologia....na hora “H” foi a Biologia! Sou apaixonada pela História Natural e Darwin é um grande exemplo de ciência-empirismo pra mim. Decidi e não sei se seria capaz de ser outra coisa na vida hoje....se eu precisasse “não ser Bióloga” seria um grande desafio!
Foi então, depois de formada em Biologia que eu me encantei pelas danças árabes e fui (e continuo buscando) informações técnicas e de qualidade (principalmente quando comecei a dar aula). Dar aula é um desafio constante, onde estamos aprendendo a cada dia, a cada aula. Juntei a veia de pesquisadora com a dança e fiz especialização de Fisiologia do Exercício.
Isto mudou minha visão do corpo e dos movimentos anatômicos. Foi INCRÍVEL!

Syl Saghira na Turquia
Eu acredito que conciliar as coisas é uma questão de programação e tesão. Sou adepta da teoria anarquista do corpo do Roberto Freire e do João da Mata. Quando temos isto, de verdade, no coração, a mente se direciona para a concretização. Concentração e programação são as minhas chaves para fazer tanta coisa.
Ainda sou professora de espanhol e amo dar aula de yoga, mas esta última precisa de uma dedicação e tanto....como estou fazendo pós-graduação, agora não consigo dar aula de yoga também.
Biologia ou a Dança ?
Sou uma Bióloga que dança. Porque os seres dançam! Se mexem, se locomovem!
Logo de manhã temos as danças dos carros, ônibus e o transporte levando os “bolinhos” de pessoas para o trabalho. Elas descem e sobem dos ônibus e metrôs, caminham, desviam, mexem os braços, falam no celular: é uma dança.
Se estivermos sorrindo é uma dança feliz!
A dificuldade está em ver que estamos fazendo algo BOM sempre. Que viver é sim uma grande alegria, mas com certeza, devo ser honesta para perceber que viver esta dança numa metrópole como São Paulo NÃO é FÁCIL!
O início da Dança como carreira
Poderia dizer que comecei tarde (apesar de que nunca é tarde parasse começar nada), mas considerando a dança, iniciar a técnica aos 23 anos é tarde. Não fiz ballet clássico!
Comecei pela dança do ventre e fui para o jazz e depois street....5 ritmos, dança da alma, dançaterapias, yoga e por aí vai.
A primeira vez no palco é toda vez! Porque cada vez é única. Mas a estreia do meu primeiro espetáculo (que foi produzidor e organizado por mim) foi uma sensação incrível. Acho que algo que vicia e você quer repetir, repetir e repetir....foi por isto que produzi 7 espetáculos. Mas participei de muito mais apresentações...todas elas incríveis. Acho que por ter iniciado mais tarde sempre fui muito independente para organizar as tarefas.
Sala Crisantempo - 2012 Narração: Ismenia Castro Fotografia: Mitsuo Koi
O apoio da família e das amigas
Muitas amigas sempre participam de tudo, eu peço ajuda, opinião....todas acabam participando. A família participa cada um de um jeito: minha mãe é a inspiração dos espetáculos, então os dedico a ela. Ela ajuda na organização do figurino, mas muita coisa eu decido sozinha mesmo.
Acho que isto faz parte do criador...da forma de direção artística do espetáculo.
As barreiras na vida profissional
Trabalho no setor público, numa Universidade muito voltada para a pesquisa e a área acadêmica é muito cheia de egos. Isto não me incentivou em muita coisa...passei muitos momentos de dúvidas e medos também. Foi por isto que eu demorei tanto para decidir a fazer pós graduação.
Talvez isto não tenha sido de todo negativo, pois percebo que entrei na pós muito mais madura e algumas situações que os mais jovens acham um grande problema eu sinto como um leve desafio.
Acredito que tudo na vida tem seu tempo!
Principais desafios que passou na vida pessoal
que impactaram na profissão
Na vida pessoal acho que a aceitação foi (e continua sendo) o maior desafio. Isto porque eu sempre fui muito independente e gostaria de ter saído bem cedo de casa (assim....com uns 18,19 anos), mas eu não tive condições. E meus pais haviam se separado recentemente....a situação emocional e psicológica não estavam fáceis, então tive que aceitar esta situação e aguardar até os 23 anos.
Foi quando meu pai foi diagnosticado com câncer e então eu realmente tive que aprender a aceitar. Existem dificuldades na vida que você só passa depois que aceita, por começar a enxergar de outra forma.
Hoje ele está bem, muito bem e eu continuo morando sozinha. Um sonho, que não é fácil de ser realizado quando você sai da casa dos pais, solteira. Mas eles sempre me apoiaram. Sabiam que eu não seria feliz de outra forma.
As maiores dificuldades da profissão
Transpor o ego dos acadêmicos sendo mulher e professora de dança.
Expressar minha arte usando os corpos das minhas alunas dentro de um ambiente machista e tão julgador.
Manter minha personalidade, meu sorriso e minha forma de ser diante de tantas regras.
Resiliência, Superação e Aprendizado
Foram três grandes momentos - O câncer do meu pai, a mudança de setor na Universidade e o término de um relacionamento.
Em todos eles eu precisei de Fé. Independente onde estaria esta fé, mas que ela estivesse também (e acima de tudo) em mim. Eu precisava confiar de que eu era capaz simplesmente porque eu merecia o melhor....que estava por vir (mas eu não tinha tanta certeza).
A busca não foi fácil!
Precisei de muitas amigas, terapia, caminhadas no parque, corridas (atividade física ajuda muito) até que eu percebi que eu precisava “voltar” para a dança. Eu parei de dançar por uns 2 anos e tenho certeza que isto também ajudou na maior “queda” psicológica que eu tive.
Aprendi que eu sou importante para as pessoas. Foi isto que me fez superar. Saber que era importante eu estar bem para continuar ajudando as pessoas (principalmente na dança, onde vejo que o retorno é mais ‘direto’).
Hoje agradeço pelos ensinamentos....pelo o que eu aprendi e estou muito mais consciente para evitar que outra queda ocorra. Medito diariamente, principalmente com base na compaixão, pois tenho certeza que o perdão e o amor são essenciais para nosso equilíbrio.
" Olhe ao redor ao invés de olhar no celular....
você perceberá um mundo e tanto ao seu redor" Syl Saghira

Syl Saghira em Meditação
Motivação interior para levantar todos os dias ,
trabalhar dançando e ensinando
Em 2016 eu tive a oportunidade de ser voluntária num Programa de tratamento para pacientes portadores de esquizofrenia. Percebi que este era outro diferencial: eu não sei dançar se não for para ajudar as pessoas.
Claro que preciso cobrar uma mensalidade, pagar as contas, entretanto, se não tiver alguém “na outra ponta” sendo ajudado, não funciona. Isto me motiva na vida de Bióloga (AMO O QUE EU FAÇO) e de bailarina.
A liberdade que eu conquistei de ter minhas ideias e ideais...poder decidir sobre um experimento, uma coreografia é isto que me dá garra, força para continuar: LIBERDADE. Para isto eu preciso ser capaz de manter esta liberdade e SIM isto é um trabalho ATIVO. Ele não cai do Céu, mas eu acredito que o Universo ajuda nesta organização quando (de novo) vem do coração, da alma.
Se for realmente o que você deseja e trabalhar por isto, vai acontecer!
Diferença entre Brasil e experiências internacionais
Não tenho carreira fora, mas tenho experiências fora do Brasil, pois a maioria dos workshops e aulas que faço são no exterior. Sinto que temos muita qualidade e não damos valor, mas ao mesmo tempo nos falta profissionalismo e técnica na dança. Levamos muito as críticas para o lado pessoal e nem sempre é isso.

Syl Saghira em Estreito de Bósforo, na Turquia a caminho do Indira Gandhi Airport - Déli, Índia.
Como ampliar os horizontes corporativos
a partir das experiências?
Eu entendo que tudo é um aprendizado. Se estamos abertos para a incerteza de cada dia fica mais fácil.
Parece loucura, mas é verdade. É a incerteza, a possibilidade do novo, do imprevisível que dá a dinâmica na vida. Se tivermos a certeza do que vai acontecer a todo momento, fica rotina, fica entediante.
O que eu aprendi com os desafios da vida me fez ser mais forte no meio acadêmico.....mais profissional também. Compartilhar e experiências com pessoas de outras culturas.
O Brasil é gigante e cheio de diferenças (no bom e no mau sentido). Aproveitar nossas diferenças culturais eu acho que também nos ajuda a conviver com o diferente....com a diferença.
O que sente quando influencia outras mulheres
a seguirem a sua carreira?
Tenho muitas alunas que chegaram com recomendação médica (ginecologia, psicologia....) e hoje elas são mães. Isto é uma realização, mas também uma forma de saber que estou na direção certa.
Influencio e sou influenciada também, pois aprendemos o tempo todo.
Quais são suas dicas para quem está começando e sonha em desempenhar e desenvolver-se como bailarina?
Tem que se esforçar. Ter o dom é ótimo, ter emoção e expressão são necessários, mas tem que treinar, treinar e treinar. Tem que estudar muito não para mostrar que sabe, mas para experimentar e experienciar isto na vida.
Tem que ver coisas diferentes: se você é da dança de salão, vá ver um espetáculo de maracatu, de ballet....se vocês está no ballet vá a um ensaio de passistas de uma escola de samba. Diversifique!!!!
Em cada estilo de dança há uma técnica, uma expressão e uma emoção. Se entregue pra estas diversidades. Faça aulas de teatro, leia de tudo um pouco e sorria muito para estar aberta ao novo. Certamente sua dança irá crescer, amadurecer e suas expressões serão mais honestas, mas verdadeiras.

Syl Saghira | Foto:Silvia Kiefer em Espaço Pulsar - A Vida em Movimento
Como você gerencia sua carreira?
Faço tudo “sozinha”. Acho mais fácil, mas o cotidiano das aulas de dança eu tenho uma aluna que está comigo há tempos e que me ajuda muito na organização mais prática dos ensaios e coreografias: enviar os vídeos de estudo, cobrar a “lição de casa”....
Tutor, Mentor, Coaching ou Assessor em sua carreira?
Acho que sempre fui meu próprio guia. Sou muito observadora e acho que por isto sou pesquisadora (um cientista deve ser uma pessoa curiosa!). Então, sempre conversava muito com minhas professoras, com as pessoas com quem eu fazia (e faço) workshops.
Me relaciono e pergunto muito pra quem está na rede (eu, particularmente não faço muitas coisas nas redes sociais, então, quando estou conectada aproveito para ter este tipo de postura). Observo muito tudo e com parcimônia. Comparo com outras colegas que tem grupos de dança, com professores de academias....Cias de teatro...por ai vai.
Eu tenho trabalho em parceria com um ateliê de dança, mas eu mesma faço os croquis das roupas (meio que aprendi sozinha, observando e tentando desenhar sozinha). Eu uso muito as coisas Artes para a dança: vou a museus e amo o movimento impressionista, pois pra mim conecta muito com a natureza.
Observar um quadro as vezes me dá um “insight” para um figurino. Observo as pessoas na rua, no metro! São Paulo é um caldeirão de ideias: em 5 minutos que você está na Paulista para atravessar o farol, olhe ao redor ao invés de olhar no celular....você perceberá um mundo e tanto ao seu redor.
Você já recebeu premiações?
Exceto com a natação, nunca concorri a nada na dança. Simplesmente porque ela já era meu grande premio. Passar por tudo, começar mais tarde....isso foi o meu troféu!
Quais são seus sonhos para o futuro?
Planejo muito tudo....talvez isso seja bom, talvez não tanto, mas é como eu sou. Meu sonho é poder ter a minha própria escola de dança com aulas para mulheres.
Adoro trabalhar com o universo feminino!
Sei que ainda não é o momento, pois fiz a escolha da pós graduação, entretanto, enquanto isto, estudo e viajo. Faço aulas e workshops e observo muito as culturas diferentes, escrevo coreografias e dança em casa. Ouço muita música. Pratico yoga todo dia. Acho que isto é o plano estratégico.
Em 2018 vou abrir minha escola. Hoje tenho mais segurança para afirmar isto!

Hub Portal Meta Mulheres Empreendedoras
Entre em contato - portalmetamulheres@gmail.com
Navegue no site - https://portalmetamulheres.wixsite.com/meta
Siga-nos nas Mídias Sociais: Facebook | G+ | Twitter | Pinterest | Instagram | YouTube | Linkedin | Blog de Notícias |
Copyright 2017 Portal Meta Mulheres Empreendedoras Transformando Ações. Todos os direitos são reservados a agência de criação e marketing de empreendedorismo M11 Marketing e Share for the future. Todos os textos, imagens, logotipos, gráficos, arquivos de som, arquivos de animação, arquivos de vídeo e sua disposição em sites na Internet do Portal Meta Mulheres Empreendedoras Transformando Ações estão protegidos por direitos autorais e de propriedade intelectual.Esses objetos não podem ser copiados para uso comercial ou distribuição, nem podem ser modificados ou republicados em outros sites.Tanto o site, quanto o Blog do Portal Meta Mulheres Empreendedoras Transformando Ações na Internet também contêm imagens que estão protegidas por direitos autorais de seus provedores.A utilização para fins pessoais, comerciais ou qualquer outro uso dos materiais fornecidos neste site é proibida.